Thursday, January 22, 2009

Permanecia sentado no sofá, aquele mesmo sofá velho amarelo estampado completamente rasgado cheio de acaros que recebera de herança da avó. Não sabia exatamente quanto tempo se passara com ele ali parado, olhando para aquela televisão ligada mal sabia ele por quê (sempre odiará televisão).
Sentia espasmos musculares, cada parte do seu corpo tremia de uma forma estranha, e cada pensamento seu o condenava e pertubava de forma latente.
Sentia aquele vazio, um vazio seco na alma, não por razões sentimentais, mais por motivos toxicos,se entregara novamente a cocaina na noite anterior.
Tudo começou como sempre começava, ele lia um livro, tomava meia taça de vinho, tomava uam garrafa inteira, colocava Tom jobim no rádio e lembrava dela sorrindo e de como seu cabelo se movia quando o vento passava por ela num dia de sol. Era coisa mais que certa, primeiro as lágrimas, depois o desejo de fuga, a nescessidade de fuga, então cheirava cinco, em extremos até 1o gramas havendo situações de seu coração bater acelerado quase ao ponto de faltar o ar.
Quando voltava a si a saudade ainda insistia, so que dessa vez repleto de intensa melancolia gritante e fria.
Tudo o condenava, cada pedaço dele era movido como que mecanicamente, sempre acordava e logo de manhã pensava, como cheguei ao dia de hoje?
Sentia revolta pelo passado ter passado , queria intensamente que tudo fosse hoje como era antes.
Sentia-se cada vez menor. sentia vergonha de sua solidão ao mesmo tempo que nunca gostaria de ter sido quem foi.
Sentia nojo de ter sido tão feliz...
Preferiu se entregar de vez a vida, observou anfetaminas e alcool e teve certeza que era o fim para toda aquela dramatica situação.
Não teve coragem. Tudo isso nao passou de um pensamento que teve ali enquanto estava sentado no mesmo sofá.
Continuou vivo, se é que continuar sem fé alguma era uma forma de estar vivo.









(...) "depois do ponto, tão escuro agora que eu não conseguiria nunca
mais encontrar o caminho de volta, nem tentar outra coisa, outra ação, outro gesto além de
continuar batendo batendo batendo batendo batendo batendo batendo batendo batendo
batendo batendo batendo batendo nesta porta que não abre nunca." (Caio Fernando Abreu)

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