Thursday, January 20, 2011

Não sei ao certo se o medo ou necessidade, mas já há algum tempo passei a viver de urgências. Urgências essas tão devastadoras que acabaram por fazer com que eu fosse esquecendo aos pouquinhos quem eu sou e aquilo que me faz feliz. Talvez ainda saiba daquilo que não gosto, entretanto essa urgência perversa e esse desejo de ser especial a todo custo acabaram por fazer com que eu passasse em cima de cada um dos meus princípios se assim posso dizer... Acredito que não seja essa exatamente a palavra, mas se de fato conseguisse explicar com clareza aquilo que se passa aqui dentro, se conseguisse me compreender com clareza resolveria tais problemas.
Acho que se compararmos o coração com um imóvel eu posso dizer que o meu é assombrado e com vontade própria, as luzes às vezes de apagam, as janelas se fecham, e cá fico eu, confusa, no escuro, sem ter certeza do que se passa e quando as luzes se acenderão. Mas em meio a tanta confusão, aventura, desgosto eu consigo me manter esperançosa de que um dia se acenderão que um dia a casa há de clarear, refletir, mostrar enfim que é possível sonhar!
E é no que quero acreditar! QUE DA PRA SONHAR, QUE É POSSIVEL SONHAR! Que os sonhos são as janelas da alma, e uma vez com eles tudo é mais claro e nítido.
Meu pai sempre diz que sou uma boba, que vivo sempre no mundo da lua, e sabe isso é verdade, não quero nunca ter os pés no chão, quero afastar essas nuvens negras que deixei tomar conta de mim, e viver no mundo da lua, mais num mundo da lua cercado por estrelas radiantes de esperança.
Parece bobo, cafona, démodé, mais sabe o mundo inteiro fala em liberdade, quando o que mais se vê são milhares de pessoas todas elas andando e buscando uma direção, um sentido, algo ou alguém para chamar de seu.
Talvez eu deseje muito mais que o mundo pode me dar, mais é temporário, meu querer sempre muda, e o mundo também sempre muda, a mudança é a essência da vida. Rotações tão aceleradas que me deixam tonta constantemente, em estado de: “ O que houve mesmo? Como cheguei até aqui? Por que esse mal estar não vai embora? Relógios se adiantem, o tempo adia e cura”.
Sempre falo em mudança, por que afinal devemos ser a mudança que queremos... Mas sim sou covarde demais para entender e assimilar determinadas coisas, e esse processo é lento e gradativo, afinal não dava para acordar de um dia pro outro ai mudando o mundo, mudando de vida e morrendo de rir. NÃO. Cada dia, cada fato, cada hora, cada pessoa, cada momento, cada sorriso, cada música, cada poesia, cada um daqueles que amamos, cada amanhecer, cada entardecer, cada madrugada que se passa seja em sono profundo ou num bar-com-um-vinho-barato-e-um-cigarro-no-cinzeiro faz parte de nós, forma aquilo que somos e o que estamos vivendo, e tudo que sei é que não está exatamente da maneira que eu gostaria que as noites tem sido coma cabeça pesada em volta em pensamentos doloridos e fracassados.
A única solução e mudar tudo, chutar o pau da barraca, voar ao longe.
Hoje sou Ícaro, estou me jogando do penhasco com as asas sem ter medo se vão derreter ou se vão me fazer voar ao longe, por que afinal não dava pra continuar vivendo sem tentar. Sinto-me munida de uma coragem e determinação deliciosas que jamais haviam tomado conta de mim. Hoje sou um recém-nascido, tenho dentro de mim todos os sonhos do mundo, tenho a pureza e resposta das crianças, quero viver, sem limites, sem barreiras, por que a vida meu irmão é o peso e a leveza, não apenas um ou o outro. É preciso força para perceber que a estrada não será assim tão fácil, mais entenda que se medidas extremas nãos forem tomadas agora os danos serão irreversíveis...
Assim me despeço, e mesmo não sendo essa primeira vez, é importante que dessa vez eu sinto que é diferente, pois nunca antes havia acreditado em mim,e dessa vez eu acredito! Despeço-me, e por mais mórbido que possa parecer não há nada de ruim nisso! E tudo mais bonito aqui do outro lado... Eu renasço pra vida, deixo pra traz a sordidez e a loucura, a podridão e a morte, o peso da incerteza e a escuridão da dor.
Despeço-me por que continuar por aqui não faria com que as coisas fossem diferentes, deixariam assim iguais, patéticas, me fariam acomodada e sem um propósito.
Despeço-me por que quero paz, vida, alegria, longe da inveja alheia e dos olhos dos curiosos, quero que minha felicidade durma em sono pesado, e só me preservando e me mantendo presa em uma redoma de vidro ou posso garantir a segurança dos meus bons frutos longe da perversidade alheia.
Me procure por aí se caso interessar em cada flor, em cada sorriso, em cada estrela que brilha, por que hoje me levanto, diante do sol, fecho meus olhos , sinto o calor e sei que não há nada mais feliz do que ser aquilo que se é, quando sabemos aquilo que somos.

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