Wednesday, April 22, 2009

Amanhã outro dia...

Já há algum tempo andava cansada de tudo sempre igual, até mesmo as tempestades que insistiam em machucar seu pequeno e atormentado coração eram iguais.Sentiu o nascer de um novo dia, pensou que se não arranjasse uma maneira de fazer a esperança palpitar em seu sangue logo, logo definharia pouco a pouco ate se apagar sem uma mínima gloria.Sua própria vida era um fardo pesado demais, impedia sua própria existência, era como se fosse um ser desligado do mundo.Sonhava com mudança, por que caminhar sozinha nessa cidade cinza e fria tendo que dar cada passo em direção ao desconhecido completamente sozinha era algo assustador, mais preciso.Enxergava a vida como um emaranhado de caminhos, todos eles opostos, confusos, escuros e dispersos, que no seu caso nunca se encontravam.Vivia tão perdida, tão a própria sombra que já nem se enxergava mais. O espelho era fosco, embasado, impossível de refletir seu rosto, aquele mesmo rosto marcado e surrado, que de lagrima nem cabia mais.Queria as rédeas da própria vida, o controle sobre o próprio corpo, o domínio da mente e a calma pro coração, que a essa altura já batia devagar quase parando sem forças e a saúde fraca decadente só atrapalhava o desejo de recomeço.Deixava escapar sempre o seu melhor, ate acreditar que ele nem existia mais.Mais dessa vez foi diferente, o dia amanheceu ela finalmente percebeu, o dia se levantou e as reações pouco a pouco foram acontecendo.Jogou fora todas aquelas roupas sem cor, os maços de cigarro que eram companhia efêmera de solidão, atirou ao vento a dependência daquele sorriso, a dependência de todo e qualquer vicio que sempre a traziam mais pra baixo.Rabiscou os velhos textos tristes, tacou fogo nos bilhetes de cinema, nas cartas , nas velhos hábitos, deixou o cabelo crescer, decidiu trabalhar, apostou em si mesma, voltou a correr na praia, e acreditar na sua arte, aprendeu a dirigir e voltou a cozinhar, jogou fora os livros velhos, e voltou a ouvir os discos antigos, colocou cor na casa, na vida, passou a encarar de frente as tormentas que a faziam se refugiar embaixo da mesa.Jogou longe todos os anti-depressivos, retomou o prazer pelo teatro, e como era bom expressar com o corpo e a alma, voltou a ler, a estudar Frances , tacou fogo num passado, numa dor, botou tudo pra queimar numa lata de lixo e ao ver o fogo tomando conta de todo seus medos, sonhos antigos, dores do passado, esperança falida, ao ver tudo aquilo queimando lampejo após lampejo fagulha após fagulha conseguiu imaginar um futuro nojo e já se pode ver ate mesmo um esboço de um o sorriso naquele rosto cansado.



'E ao amanhã a gente não diz
E ao coração que teima em bater
avisa que é de se entregar o viver
Pois é, até Onde o destino não previu
Sei mas atrás vou até onde eu consegui
Deixa o amanhã e a gente sorri
Que o coração já quer descansar
Clareia minha vida, amor, no olhar'

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